terça-feira, 16 de março de 2010

BRIGA POR VOTO EVANGÉLICO NA PARAÍBA



Luta envolve membros de várias denominações

Uma enorme briga em busca dos votos de mais de 300 mil evangélicos está sendo travada nos bastidores da política paraibana. A guerra envolve diretamente os “irmãos” Philemon Rodrigues, Edvan Carneiro, Walter Brito Filho e Walter Brito Neto. O ex-deputado federal Philemon Rodrigues (PR), ligado à Igreja Assembléia de Deus, quer retornar à Câmara Federal e já está em plena campanha.
O ex-deputado mineiro afirma que terá o “apoio oficial da Assembléia de Deus em João Pessoa e Campina Grande”. Os dois ministérios, da mesma denominação, abrangem a grande maioria dos municípios do Estado da Paraíba. Philemon Rodrigues disse que é o candidato oficial da Assembléia de Deus em Campina Grande, que tem abrangência em 90 municípios, e em João Pessoa, cuja área de atuação seria de 130 municípios.
Por outro lado, o pastor Edvan Carneiro (PRB) contesta a informação de Philemon. Segundo ele, “a Assembléia de Deus de João Pessoa, por exemplo, está fechada no apoio ao seu nome para deputado federal nas próximas eleições. Além do mais, temos a possibilidade de apoio da Igreja Universal do Reino de Deus ao nosso nome”, declarou o pastor Edvan Carneiro.
Mas o ex-deputado estadual Walter Brito Filho (PPS), evangélico da Igreja Presbiteriana de Campina Grande, que também está em plena campanha para deputado federal, contestou Philemon Rodrigues e Edvan Carneiro. Walter Brito disse que quem tem o apoio oficial da Assembléia de Deus é ele. “O pastor presidente da Assembléia de Deus, José Carlos, e mais de 200 pastores de igrejas diferentes estão comigo para deputado federal”, disse Walter Brito. Walter Brito atacou Philemon Rodrigues e Edvan Carneiro. “Philemon não tem votos aqui em nosso Estado. É um forasteiro, que veio de Minas Gerais para tirar proveito na Paraíba", declarou Walter Brito.
Em relação à Edvan Carneiro, ele disparou: “Edvan é um aventureiro de período de campanha e não tem votos; quem tem voto sou eu, pela longa história e ligação com as Igrejas”.
Walter Brito acrescentou que sua história política é marcada pelos serviços prestados aos evangélicos durante quatro mandatos. “Quem tem boca, diz o que quer. Uma coisa é você falar. Outra coisa é a verdade aparecer”, frisou em relação à Philemon e Edvan Carneiro. O filho de Walter Brito, o ex-deputado federal Walter Brito Neto (PRB), também está no páreo e disputa os mesmos votos do pai, do pastor Edvan e do ex-deputado Philemon Rodrigues. Walter Neto afirma que será candidato a deputado para “dar seqüência ao trabalho iniciado na Câmara”. Walter Neto foi cassado por infidelidade partidária. “Integrei a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família e fiz parte da bancada evangélica”, disse o ex-deputado, que freqüenta a Igreja Presbiteriana de Campina Grande. Ele garante que terá o apoio das igrejas Presbiteriana, Assembléia de Deus e Universal do Reino de Deus. Indagado se não haverá conflito entre ele e seu pai, na disputa por votos de evangélicos, Walter Neto disse que “não haverá problemas. Estamos em partidos diferentes e em lados opostos. As pessoas sabem diferenciar".
De raízes evangélicas, o vereador pessoense Edmilson Soares (PSB) será candidato a deputado estadual, mas prefere não misturar política com religião. Indagado sobre as disputas entre Philemon, Edvan e Walter Brito por redutos de igrejas, Edmilson disse que prefere não falar sobre a questão. Toda a família de Edmilson é ligada à Igreja Presbiteriana de João Pessoa. Seu pai, Samuel Soares, foi presbítero na Igreja. Em contato conosco ele disse que “quando o assunto é religião, prefiro não misturar com política”.
O deputado federal Rômulo Gouveia (PSDB) também tem ligações evangélicas e tem contado, a cada eleição, com o apoio de fiéis e pastores de denominações diferenciadas. Ele freqüenta a Igreja Batista, mas, assim como Edmilson Soares, prefere separar política de religião.
O pastor e ex-deputado estadual Fausto Oliveira está no páreo por uma das 36 vagas na Assembléia Legislativa da Paraíba, da mesma forma que os deputados Nivaldo Manoel (PPS) e Aguinaldo Ribeiro (PP) e o ex-deputado João da Penha (PMDB).
Nivaldo é deputado e vai disputar a reeleição. Também está em plena campanha pela reeleição, apesar da ameaça de cassação do seu mandato, pelo TRE, por infidelidade partidária. Ele disse que é “ligado à Assembléia de Deus, é crente assíduo e tem história. Nas últimas eleições, tive o apoio oficial da Assembléia de Deus. E estou procurando este apoio novamente”. Sobre a briga entre Philemon, Edvan Carneiro e Walter Brito pelos votos os fiéis da Assembléia de Deus, ele respondeu: “a Assembléia de Deus, na pessoa do pastor José Carlos de Lima, nunca declara apoio a nenhum candidato”. De acordo com Nivaldo, quem vai decidir que candidatos serão apoiados pela Igreja é a Comissão Política das Assembléias de Deus do Brasil, em momento oportuno. E os fiéis serão informados. Ele disse que, “quando há brigas por apoios, como está ocorrendo entre Philemon, Edvan e Walter Brito, o pastor José Carlos não se mete. Ele é sábio e inteligente e não se mete nas brigas”, frisou, acrescentando que “todos os candidatos têm o direito de pedir os votos dos fiéis”. João da Penha foi deputado estadual, eleito com apoio da Igreja Universal, da mesma maneira que Fausto Oliveira.

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