terça-feira, 30 de março de 2010

PÚLPITOS OU PALANQUES?

 DE PÚLPITOS A PALCOS: A ORDEM É GANHAR ELEITORES

É impressionante!  Cresce de forma assustadora a quantidade de fiéis, pastores, salvos no ramo político. Com promessas que vão desde a ajuda social até a supervalorização do povo gospel e seus interesses, centenas de crentes deixam o calor de seus bancos nas catedrais para enfrentar comícios, inflamar o povo e ganhar votos. É uma tendência mundial que chegou ao Brasil e que veio para ficar.
Em ano eleitoral, nada mais sadio do que se discutir política. Principalmente quando esta prática invade nossas igrejas, nossos cotidianos e realidades por pessoas que, há pouco, nada mais eram que nossos “humildes irmãos”. Com eles, chegam também as promessas, que o povo brasileiro, como um todo, já está cansado de saber, ouvir e acreditar. São promessas que se misturam a sermões, palavras bíblicas mescladas a eloqüentes slogans em um processo que abarca cada vez mais servos de Deus, células, congregações, igrejas, denominações, levitas, gravadoras, meios de comunicação, holofotes, fama e...poder!
É muito interessante e bastante importante que grupos tão expressivos, como nós evangélicos, estejamos sempre bem representados em esferas como câmaras de vereadores, assembléias legislativas, ministérios, senado e, porque não, na própria presidência da república?. Afinal, somos cerca de 40 milhões, quase um quarto de toda a população nacional. Estamos por todas as cidades, Estados, espalhados pela “nação católica”. Enfim, é necessário que tenhamos nossos direitos preservados, nossas vontades respeitadas.
O que questiona-se, no entanto, são alguns dos métodos, das estratégias usadas para a obtenção de votos, meios através dos quais se conquistam as eleições. Alguns tomam os sacro-santos púlpitos de pregação para disseminar suas idéias. Outros valem-se de cargos nas igrejas para fazer campanhas dentro de suas áreas de influência. E muitos, usam de aparatos maiores, mais eficientes e convincentes, como shows e ministrações de louvor e adoração para propagar suas ideologias junto às massas. E é justamente nestas reuniões, que lotam ginásios e estádios, que a luta pelo poder fica ainda mais clara.
Por todos os lados se vêem faixas, cartazes, outdoors, pessoas vestidas com blusas que estampam números, rostos, demonstram fé. Em meios aos levitas, luzes e fumaças apresentam o futuro “líder do povo santo”. E enquanto no chão servos cantam, louvam, adoram e levantam coros de exaltação, no palco, em alguns casos, os bastidores fervem com estes aspirantes a políticos que treinam seus discursos que parecem casar-se perfeitamente com as mensagens simultaneamente entoadas.
Em alguns casos, o que menos interessa é a adoração. O que vale mesmo é a captação das atenções, a garantia de credibilidade e a formação dos currais eleitorais que acabam sendo formados em troca de apresentações ditas evangélicas. Verdadeiras anátemas aos ideais bíblicos de veracidade.
O que temos de ter claro, diante de tudo isto, é que em época de campanha eleitoreira, nem todo santo faz o milagre que promete, nem todo levita entoa o louvor, exclusivamente, em nome de Deus e nem todo candidato que se diz cristão, foi realmente instituído pelo Pai para abençoar o povo através de suas decisões e nem sempre está literalmente interessado no bem estar daquele que inocentemente o elegeu: o servo de Deus.

O que você acha de evangélicos concorrerem a cargos políticos? Como você vê as estratégias usadas por eles para conquistarem as eleições? O que acha dos cantores e bandas que enchem os bolsos e até vestem a camisa de aspirantes a “políticos de Deus” e que, muitas vezes, sequer conhecem os testemunhos destes candidatos?

Rogério Paiva da Netgospel

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