PASTOR FAZ OPOSIÇÃO A ATUAL PRESIDENTE QUE É FILHA DE PASTOR
A chanceler Angela Merkel, filha de um pastor luterano da ex-Alemanha de Leste, vê hoje o seu Governo ameaçado por um outro pastor luterano da ex-RDA.
O pastor Joachim Gauck é o candidato da oposição social-democrata-verdes à presidência da Alemanha, contra o candidato oficial da coligação democrata-cristã-liberais, Christian Wulff.
Se fosse o povo alemão a votar, teria a eleição garantida, revelam as sondagens. Mas visto que quem vota é uma Assembleia Federal, em que os partidos no poder têm uma maioria de 21 votos, as suas hipóteses são menores.
A vitória pode, no entanto, vir parar-lhe às mãos. Como? Com o voto, secreto, dos delegados conservadores e liberais que estão descontentes com o rumo da administração de Merkel ou que simplesmente preferem o candidato independente ao atual ministro presidente da Baixa Saxónia.
A eleição do novo presidente será feita pela Assembleia Federal, composta por 622 deputados do Bundestag e outros tantos delegados e personalidades da sociedade civil nomeados pelos vários estados federados do país. Quatro delegados do FDP, partido da coligação liderada por Merkel, já indicaram que vão votar no pastor Gauch e não em Wulff. "Se o senhor Wulff for batido, isso será uma grande perda de prestígio para o Governo", referiu o politólogo Nils Diederich, da Freie Universität Berlin, citado pela AFP. Mas acrescenta: "Não vejo dissidentes em número suficiente para pôr em perigo a sua eleição."
Se Wulff não obtiver maioria absoluta no primeiro e no segundo turno desta eleição presidencial, pastor Gauck poderia ter mais hipóteses no terceiro turno, onde é suficiente a maioria simples. Mas para isso teria de contar com os votos do Die Linke (Partido da Esquerda), que conta com ex-comunistas que odeiam o dissidente.
A seguir à reunificação da Alemanha, nos anos 90, o pastor Gauck liderou durante uma década a organização dos arquivos da Statsi, a polícia política do regime da ex- -RDA. O Die Linke tem, aliás, a sua própria candidata à presidência: Lukrezia Jochimsen, de 74 anos, deputada e ex-jornalista
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