sábado, 6 de fevereiro de 2010

Eleições 2010: A hora da verdade (Parte III)


O pleito de 2010, como bem afirma o professor Walter Fonseca (Correio da Tarde), será atípico. Para os analistas políticos este ano será o grande divisor de águas na consolidação e/ou no fim da liderança política dos três maiores próceres políticos da atualidade. Garibaldi Alves (filho), Wilma de Faria e José Agripino não podem, sob pena de ficar no ostracismo político, perder a eleição para o Senado da República.
Hoje vamos analisar a situação política da atual governadora Wilma de Faria.
Nascida sob a liderança política de José Agripino (Sistema Maia) a professora Wilma de Faria buscou, ao longo de sua trajetória política, se firmar como uma liderança nova e capaz de mudar os destinos políticos e administrativos do Estado do Rio Grande do Norte. Na prefeitura, em que pese suas três administrações na capital do estado, não conseguiu fazer emergir um grupo capaz de conduzir os destinos da municipalidade, dando-lhe força para interiorizar suas conquistas. Quando necessitou alçar vôos maiores (leia-se: Governo do Estado) foi buscar no aprisco adversário seu sucessor. Sua trajetória de alianças com os dois principais grupos políticos do estado (Alves e Maia) lhe custou à credibilidade, impondo-lhe a marca da traição, pecha que lhe barrou ações e investidas políticas que fomentassem a formação da tão sonhada terceira via na política estadual. Hoje, Alves, Maias e afins, não conseguem sequer dialogar com a governadora que, sem um grupo forte, tende a desaparecer do cenário político estadual.
Na eleição de 2002, quando se elegeu governadora do Estado, Wilma contou em 2º turno com o apoio político do grupo do senador José Agripino, que havia expurgado dois anos antes da prefeitura de Natal. Eleita, dois anos depois tratou de descartar o apoio de José Agripino mais uma vez.
Por não conseguir fomentar um grupo político estadual e na principal cidade do estado, Natal, centralizou suas ações de governo na capital, deixando de investir no interior. Como se não bastasse, viu seu principal reduto entregar-se de amor e paixão ao sucesso midiático da jornalista Micarla de Souza, que se sagrou prefeita de Natal numa campanha sem precedentes em toda história política da cidade. A eleição de 2008 para a prefeitura da capital, permitiu que o seu desafeto político, senador José Agripino, dividisse os louros da vitória com a prefeita eleita e marcasse pontos junto ao eleitorado do RN ao contender com o governo federal, estadual, municipal e com a presidência do Senado Federal e ver a sua aliada tomar posse na prefeitura da capital.
Sem um grupo forte na capital e sem base no interior do estado a governadora entra 2010 travando uma luta de tudo ou nada. Trouxe para si o apoio político de Fátima Bezerra, Geraldo Melo, Fernando Bezerra, Henrique Alves e Vivaldo Costa. Sem um cérebro pensante perdeu o apoio de Garibaldi Alves (filho), Robinson Faria, Fábio Faria e Rogério Marinho. Pensando em sua sobrevivência política tem tentado conquistar votos para o senado esquecendo seu principal aliado para 2010, Iberê Ferreira. Para sobreviver politicamente tem aceitado que seus aliados políticos dividam o apoio. O PR de João Maia vai votar na governadora e no senador José Agripino. O PMDB de Henrique Alves vota em Garibaldi Alves (filho) e na governadora e muitos de seus aliados do PSB irão sufragar o nome do senador José Agripino e da senadora Rosalba Ciarline.
Em Natal, a governadora sente o gosto da derrota. Desde a eleição de 2008 que viu sua liderança ser questionada pelos aliados e seu bem querer na população natalense ser trocado pela prefeita Micarla de Souza. Em Mossoró aliou-se a deputada Sandra Rosado que não tem interesse nenhum em travar uma luta de oposição com a senadora Rosalba Ciarline. Em Caicó verá seu aliado Bibi Costa lutar por sua eleição e pela eleição do senador José Agripino. Em Pau dos Ferros uniu-se aos grupos do ex-deputado (derrotado na eleição de 2006) Elias Fernandes e do ex-prefeito (derrotado na eleição de 2008) Nilton Figueiredo.
A luta de 2010 está apenas iniciando. Numa fotografia do momento podemos entender que a postulação da governadora ao senado federal é o maior risco político que a professora Wilma de Faria enfrentará. Ganhando, terá tempo de mandato suficiente para rever os erros passados e tentar se suplantar na formação de um bloco político forte e norteador de suas ações futuras. Perdendo, restará ir às ruas de Natal em 2012 enfrentar a prefeita Micarla de Souza que terá em seu palanque um forte grupo, interessado em sepultar politicamente a professora Wilma de Faria. Se a oposição (Leia-se: Democratas) estiver no comando do governo do Estado esta será uma ação primordial.

Jailson Gomes – Sociólogo e Cientista Político (publicado originalmente em www.erivansilva.com em 01 de fevereiro de 2010)

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