sábado, 6 de fevereiro de 2010

Eleições 2010: Senado Federal, uma luta de titãs (Parte I)


Ao contrário da luta travada pela chefia do governo do Estado do RN, com apenas duas postulações (uma com amplo favoritismo), a luta pela representação do Estado no Senado Federal em 2010 será travada por titãs. São três cadeiras em jogo. Digo três porque vejo a possibilidade da cadeira hoje ocupada pela senadora do DEM, Rosalba Ciarline, ficar vaga com a real possível eleição para o Governo do Estado. Neste caso a terceira cadeira entra no jogo.
Vamos analisar a eleição do Senado em três etapas.
Nesta fase inicial julgo importante analisar a candidatura à reeleição do senador do PMDB, Garibaldi Alves (filho). O ex-presidente do senado tem a seu favor um histórico de sucesso em lutas políticas, só quebrado pela derrota sofrida para o governo do Estado, para a atual governadora Wilma de Faria em 2006, coincidentemente sua adversária nesta eleição de 2010.
As chances do senador do PMDB são ambíguas. Se pelo lado popular, fato já atestado por pesquisas, encontra-se numa posição bastante privilegiada, pelo lado político partidário está vendo suas chances se estreitarem dia a dia, numa ação inconseqüente de seu primo e correligionário, deputado Henrique Alves (PMDB).
Henrique Alves tem um projeto político claro para si. Espera aproveitar as chances que o destino tem lhe colocado e, reeleito deputado em 2010, chegar à presidência da Câmara dos Deputados, sonho que vem acalentando há bastante tempo. Para tanto precisa do aval do PT, parceiro político de seu partido e principal obstáculo a sua pretensão.
Sua luta aqui no RN é travada pensando em Brasília. Sua aliança aqui no RN não pode destoar da aliança celebrada nacionalmente pelos partidos da base de sustentação ao governo do presidente Lula (O Cara) e, consequentemente, base do governo de Wilma de Faria, principal inimiga de seu aliado e primo Garibaldi Alves (filho).
Henrique tem dado declarações um tanto grosseiras com relação ao posicionamento do primo Garibaldi. Na última aparição pública ao lado do vice-governador Iberê Ferreira, candidato da aliança governista, e da própria governadora, chegou a chamar os que têm uma posição igual à de Garibaldi Alves (filho) de duas caras.
Garibaldi por sua vez, acredita que suas chances de reeleição serão ampliadas se marchar ao lado de seus aliados de 2006, senador José Agripino (DEM) e Rosalba Ciarline. Ele disse, em sua última declaração pública, que nem pela união do PMDB ficaria contra a senadora Rosalba Ciarline.
É fácil fazer esta conta.
O DEM é parceiro e tem a simpatia da prefeita Micarla de Souza (PV) que comanda a prefeitura do maior eleitorado do Estado, a cidade de Natal. Comanda a prefeitura de Mossoró com Fafá Rosado, aliada da senadora Rosalba Ciarline. Tem filiados e aliados comandando cidades importantes no Estado e isso interessa ao senador Garibaldi Alves (filho).
Some-se a isso o fato de que o primeiro suplente da senadora Rosalba Ciarline é o agro-pecuarista Garibaldi Alves (pai). Na hipótese da eleição da senadora Rosalba ao Governo do RN e de sua reeleição ao senado, os dois Garibaldi (pai e filho) estariam formando uma dobradinha sem precedentes na história política do RN.
Do outro lado, o lado da aliança wilmista-governista, Garibaldi Alves (filho), enfrenta dificuldades de entrosamento. Na eleição de 2008, quando da candidatura da deputada Fátima Bezerra (PT) a prefeitura de Natal os dois, Wilma e Garibaldi, ensaiaram uma aproximação que foi rejeitada desde a sua formação pela população e pelo eleitorado de ambos. Acreditava-se que os dois maiores eleitores da capital juntos elegeriam um poste, tese que não se confirmou e deu fôlego ao senador José Agripino, que estava um tanto distante do eleitorado da capital, e viu sua aliada Micarla de Souza ser empossada na prefeitura de Natal em 01 de janeiro de 2009.
Para completar a sua tormenta eleitoral vê as chances de uma ampla coligação de seu PMDB ficar restrito ao bel prazer do líder do partido, o deputado Henrique Alves. A proposta de Henrique Alves é que o PMDB lance apenas candidato ao senado, o próprio Garibaldi Alves (filho) e libere os seus filiados para subirem no palanque que acharem melhor na disputa pelo Governo do Estado. Assim acontecendo o PMDB não poderá se coligar com ninguém e Garibaldi Alves (filho) diminuiria o favoritismo que tem hoje em relação aos seus concorrentes José Agripino e Wilma de Faria que, atrelados a uma boa coligação poderão ultrapassá-lo nas urnas de outubro.
Ou seja, o favoritismo de Garibaldi Alves pode ser atropelado pelo projeto político de Henrique Alves.
É só aguardar!
Jailson Gomes – Sociólogo e Cientista Político (publicado originalmente em www.erivansilva.com em 25 de janeiro de 2010)

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