MARIANO AFIRMA QUE A TENDÊNCIA É DE REDUÇÃO DOS PENTECOSTAIS
O pentecostalismo tende a não crescer no mesmo ritmo desse primeiro século de presença em terras brasileiras, quando alcançou 30% da população do país. A análise é feita pelo sociólogo Ricardo Mariano da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
“No Brasil e em outros países da América Latina, a pluralização do campo religioso, a explosão pentecostal e a crescente concorrência religiosa têm estimulado um paulatino processo de revigoramento comunitário e institucional do catolicismo. Tal reação tenderá a reduzir o espaço social e religioso de ação dos pentecostais nas próximas décadas e, por consequência, o tamanho e a velocidade de seu crescimento”, avalia Mariano.
O paradigma desse crescimento é a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que se faz presente na esfera pública, política partidária inclusive, apoiada em vultosos investimentos em rádio e televisão. A expansão da Universal não se limita ao território nacional, mas aos limites do planeta.
Ela já está presente, hoje, em 172 países, na América Latina, América do Norte, boa parte da Europa e da África, em alguns países da Ásia, e até mesmo em certos lugares do Oriente Médio e da Oceania.
“Nos templos, ela tece redes de sociabilidade, oferece apoio emocional, terapêutico e assistencial a fiéis e virtuais adeptos. E, diuturnamente, lhes promete prosperidade, libertação do sofrimento e solução divina para seus males afetivos, psíquicos, familiares, financeiros e de saúde, acalentando esperanças de ascensão social”, afirma o sociólogo.
Para Mariano, a marcha global da IURD está só no começo, procurando os espaços que aparecem nas diferentes áreas e regiões. “Nos planos jurídicos e político, ela se beneficia de ampla liberdade religiosa e da consolidação do pluralismo religioso. Na esfera social, tira vantagem do desespero e dos anseios das massas pobres e excluídas pelo capitalismo flexível, vítimas preferenciais da violência que assola a região, da precarização do trabalho e das péssimas condições de vida nas periferias urbanas”, aponta o sociólogo.
Empreendedorismo e recolocação profissional são, hoje, o principal foco de atuação da IURD na Espanha e em Portugal, onde as taxas de desemprego alcançaram o pico. Nos países ibéricos, a Universal oferece oficinas de capacitação e na Inglaterra ela tem um centro de recolocação.
“É assim que eles estão avançando entre as classes sociais mais altas”, explicou a socióloga portuguesa Helena Vilaça, da Universidade do Porto, à repórter Luciana Coelho, da Folha de São Paulo. Segundo a socióloga, a Universal está “muito sintonizada com os problemas modernos”.
Freqüentar os cultos significa fazer parte de uma rede social, onde as pessoas buscam contatos, trabalho, oportunidades, clientes, ajuda e apoio.
A IURD desembarcou nos Estados Unidos em 1986, em Nova Iorque, e desde então não parou de crescer nesse país da América do Norte. O site da igreja informa que ela tem 139 templos naquele país.
Uma das principais características da Universal nos Estados Unidos é a flexibilidade, relata a repórter Janaína Lage, da Folha de São Paulo. As ofertas podem ser diferentes de uma região à outra e nas estratégias de alcançar o público. No Texas, a igreja lançou um “prayer drive-thru” (oração dentro do carro).
Como em Houston poucas pessoas andam a pé, os fiéis entram no estacionamento do templo da Universal, preenchem uma ficha com seus problemas e, na parada seguinte, um pastor faz oração relacionada ao assunto e convida os passageiros do carro a visitarem a igreja, conta Janaína.
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