MARINA CONVIDA ELEITORES PRA SONHAR COM UM BRASIL MELHOR
Com um discurso colado na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da  Silva, a senadora Marina Silva (PV-AC) disse querer ser a primeira  presidente mulher, negra e pobre da história do País. Depois de fazer  referências ao Lula "operário", intercaladas com elogios à política  social do governo, Marina encerrou um longo discurso com a frase: "Que  cada homem e mulher que tenha fé, que possa rezar, os que não têm que  possam torcer, para que em 1º de janeiro o Brasil possa ter a primeira  mulher negra, de origem pobre como presidente da República Federativa do  Brasil".
A convenção nacional do PV foi embalada pelo slogan da agora  candidata do PV: "Juntos pelo Brasil que queremos". Com base no lema,  Marina disse não aceitar o veredicto de que apenas os rivais José Serra  (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) teriam chances reais de vencer as eleições  de outubro.
Marina deixou claro que não vai se contrapor a Lula ou ameaçar a  continuidade dos projetos sociais implantados em seu governo. "Eu não  preciso negar o feito e a grande conquista do operário Luiz Inácio Lula  da Silva, que quebrou o paradigma de que é preciso crescer para  distribuir a renda. Foi distribuindo a renda que crescemos", disse a  senadora, retomando a proposta de levar os programas sociais à "terceira  geração". "Saímos da cesta básica, fomos para um bom programa de  transferência de renda e agora vamos para um programa que mobiliza a  sociedade brasileira", emendou, reservando espaço no discurso também  para um elogio ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
 A senadora lembrou sua origem humilde e o fato de só ter sido  alfabetizada aos 16 anos. "Eu sei o que é enxergar pela metade",  declarou, prometendo se empenhar para erradicar o analfabetismo e  centrar seus esforços na área da educação. E, com base nessas propostas,  a senadora rejeitou a tese de que a eleição deste ano será marcada por  uma disputa plebiscitária entre PT e PSDB. "Esse Brasil não pode mais  ser adiado para amanhã. Ele começa agora. Por isso não vamos aceitar o  veredito do plebiscito. Não tem plebiscito. Ele será revogado pelo povo  brasileiro".
Marina rebateu a avaliação de que será prejudicada na eleição por não  ter formado uma aliança ampla, capaz de lhe assegurar um bom palanque.  "Não temos esse tipo de aliança, mas queremos sim fazer uma aliança com  os núcleos vivos da sociedade", afirmou, queixando-se dos métodos  "velhos" de fazer política. Encampando o slogan "Juntos pelo Brasil que  queremos", Marina emendou: "A nossa aliança é de um novo tipo."
Marina criticou a proposta de flexibilização do código florestal e  disse enxergar nas grandes cidades brasileiras um "verdadeiro caos  urbano". "Temos um desafio com as cidades", afirmou, mencionando temas  como mobilidade urbana e combate a enchentes. "Dá para continuar  tratando isso como um problema natural? Não, é falta de planejamento."
Ao falar da mobilização dos jovens em torno de sua candidatura,  Marina disse que este é um eleitorado que não se mobiliza em um projeto  político se for um projeto "pelo poder". "Os jovens se envolvem onde  está o cheiro da mudança", disse Marina.
De manhã até o meio da tarde, aliados da senadora se revezaram ao  microfone em uma sucessão de elogios e manifestações de apoio à  senadora. Ao discursar logo antes de Marina, o vice Guilherme Leal disse  que nunca imaginou se lançar numa corrida presidencial. E não poupou  elogios à senadora. "A luta para a qual você nos convoca dá sentido  prático a nossas inquietações, nossos sonhos de uma sociedade mais justa  e equilibrada", afirmou.
Pré-candidato ao governo do Rio pelo PV, o deputado Fernando Gabeira  falou em "frustração" após a luta para levar a oposição ao Palácio do  Planalto. "Vamos de novo colocar outro grupo no Palácio do Planalto. Os  sonhos passam, mas o velho coração ficou. Te apoio e vou lutar contigo",  afirmou o deputado, que concorre no Rio com apoio do PSDB do  pré-candidato tucano ao Planalto, José Serra.
Antes de iniciado o ato político, as caixas de som do Centro de  Convenções Brasil 21 ecoavam um dos slogans que devem guiar a campanha. A  música evidencia a estratégia montada pela equipe de Marina para  explorar sua trajetória de luta desde a infância humilde numa comunidade  de seringueiros no Acre até sua entrada na corrida presidencial. 
Aberta com a frase "Eu sou brasileiro, eu sou marineiro, eu sou  marineiro", a música descrevia a senadora como "Marina, morena, cor da  pele do Brasil; Marina, guerreira, que lutou e conseguiu".



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