Sou oriundo de uma família “à moda antiga” do Nordeste brasileiro. Éramos quatorze pessoas, incluindo meus genitores, buscando sobreviver numa época em que tudo era muito difícil. Estudar era quase impossível numa época em que os chamados “Grupos Escolares” só existiam nas cidades de porte médio do interior. Nas cidades pequenas e sítios eram raras as instituições de ensino, conhecidas como “Escolas Isoladas”, e o recurso mais usual era o ensino particular em residências.
Lembro de Dona Escolástica, professora de meus irmãos mais velhos que, além de ensinar, cumpria o papel de disciplinadora, com sua temível palmatória de aroeira. Meus pais, que haviam concluído o ensino primário, envidavam todos os esforços para nos educar e não davam trégua, exigindo que relesse e refizesse os textos e exercícios.
Na década de 70 meus pais resolveram continuar os estudos e, com muita luta, chegaram a Universidade. Foi um exemplo para nós que, muitas vezes, esmorecíamos e pensávamos em largar os estudos.
Mesmo que a contragosto, o hábito da leitura se tornou parte de nossas vidas. Tenho o hábito de devorar qualquer tipo de leitura, não separando o joio do trigo. Dessa forma vou de encontro à afirmação do Marquês de Marica que dizia que “a leitura deve ser para o espírito como o alimento para o corpo, moderada, sã e de boa digestão”.
Quando estou lendo uma obra, mesmo que não esteja gostando muito, procuro detalhes que possam me dar prazer. Uma idéia, uma maneira de escrever, um jogo de palavras. São detalhes minúsculos que me levam a não interromper uma leitura. Há outras obras de leitura saborosa do inicio ao fim e que, quando concluímos, nos sentimos partícipes de momentos que ficaram apenas na memória.
Ler é se libertar de pensamentos e idéias alheias. Paulo Francis dizia que “quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo”.
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