quinta-feira, 21 de outubro de 2010

JOICY COSTA ESCREVE AO BLOG

CIENTISTA SOCIAL EMITE OPINIÃO E FAZ JUÍZO DE VALOR ACERCA DO BLOGUEIRO

Prezado Jailson, 
Respeito a postura política e o direito que você tem de manifestar seu partidarismo e apoio ao candidato tucano "José Serra" (o conteúdo das postagens não nega, ou pelo menos aparenta). Isto é sinal de liberdade democrática. Entretanto, também é lícito me posicionar enquanto cientista social e cristã que sou, afinal de contas, os textos de seu blog me deram a oportunidade para tanto. 
Discordo do especialista Reinaldo Azevedo, pois o "fator religioso" existe nesta campanha independente da perda dos votos de Dilma, basta você, enquanto cientista político analisar o comportamento da igreja nestes últimos meses quanto a este assunto. A igreja se posicionou, se bem ou mal, mas se posicionou e isto se constituiu um fator religioso preponderante nas eleições presidenciais, não há como negar. No meu entender, o "fator religioso" que temos presenciado é sinal de uma política ingenua e moralista da igreja que não percebe o seu discurso intolerante frente aos demais bilhões de brasileiros que tem o direito de não viver de acordo com o prisma cristão, sendo o país regido por um Estado democrático e laico que deve legislar pelo bem comum e não pela moral de um único grupo que se elegeu como dominante e legítimo, dono da verdade e, inclusive do próprio Estado. É muito fácil tratar o tema do aborto como tabu e, mais uma vez, jogar o problema para debaixo do tapete em nossos dias, enquanto Jesus não negava a existência de problemas sociais e morais de sua época, mas nem por isso criminalizava as pessoas ou recusava-se a ajuda-las mesmo que pouco tempo após estas o viessem a crucificar. Queremos um Estado Evangélico, com leis Evangélicas e não há "nada demais" em impor nosso estilo de vida às pessoas. Mas, será que elas querem? Elas têm o direito de não aceitar assim como nós decidimos crer! Os cristãos gostariam de viver em um Estado Teocrático em que as leis fossem baseadas no Alcorão ou nos preceitos da Umbanda? Certamente que não. Ou seja, somos intolerantes e orgulhos de nossa condição de cristãos enquanto que o prório Jesus não se preocupava com glórias humanas. Infelizmente, as tradições cristãs têm se tornado apenas "glórias humanas". O meu desejo é que a igreja, enquanto povo de Deus, e porque não dizer enquanto instituição política também, abra seu entendimento para além de um moralismo superficial e ingênuo e um evangelho messiânico que não tem salvado ninguém, inclusive a própria igreja. Se de fato ela deseja ver os brasileiros salvos, não é pela via presidenciável e do congresso nacional que conseguirá este feito, impondo seus valores, até porque devemos deixar as coisas a quem de direito: questões do Estado com o próprio Estado, questões espirituais com o próprio Deus. Só uma reforma interior da igreja faria ela novamente ser exemplo moral para esta sociedade. A imposição de "leis cristãs" não santificará mais, ou menos, a nossa nação. Embora o sistema-mundo jaz no maligno, o respeito às diferenças é mais que necessário em nosso tempo, é urgente. Lembremo-nos que nosso passado, em defesa dos mesmos valores cristãos atrocidades foram cometidas. Assim, vejo que o testemunho arrasta mais que a imposição de normas e valores que nós cristãos, muitas vezes, na intimidade do nosso coração, temos negligenciado pelo fascínio da fama e do poder. Brigamos pela não descriminalização do aborto por um lado, e por outro permitimos que corrupções das mais diversas se institucionalizem e sejam vistas como naturais (ou abafadas!) no seio do corpo de Cristo... Esta banda podre ninguém quer comentar, não é mesmo?! Eu realmente custo a entender porque tanta incoerência! Como sempre, "moral e ordem a preservar" como em todos os regimes fascistas e ditatoriais. Infelizmente não tem sido diferente, mundam só os atores sociais envolvidos. Utilizemos o voto para o exercício da cidadania, do bem comum, do avanço do Brasil e não para um retrocesso. Se preferimos votar em um político por sermos contra o aborto e esquecemos de sua trajetória de privatizações e arrocho salarial na sua atuação no governo de FHC é porque, além de termos memória curta, não aprendemos o real sentido da política, limitando-nos a um ascetismo ingenuo e messiânico que, alvo da manipulação das assessorias de campanha, faz os cristãos acreditarem que de fato ele "é do bem e à favor da vida". Irmãos, lamento desiludi-los: o Brasil não é de Jesus, é dos brasileiros. Os cristãos serão de Cristo se permitirem, com seu testemunho, que é o luzeiro das nações. Portanto, optar pelo retrocesso político em nome de um marketing eleitoral, é, na minha opinião, resultado de que a política com "P" maiúsculo ainda não foi descoberta e exercida por esta parcela de cristãos. Mudemos essa realidade. Será que este comentário sobreviverá à moderação? Espero que sim, pelo bem da liberdade de pensamento e opinião. 

Obrigada! Att. Joicy.

Um comentário:

moises jacob disse...

Joicy muito interessante sua analise referente o quadro atual tanto político como cristã, é evidente que o Jailson é pró-Serra, como também vc é pró-Dilma. "Utilizemos o voto para o exercício da cidadania, do bem comum, do avanço do Brasil e não para um retrocesso" o que seria bem comum? Seriam as tantas esmolas que este governo distribui aos mais pobres (pois essa é uma maneira de manipular) invés de gerar emprego? Às vezes fico pensando o que seria do governo do presidente LULA se não fossem as privatizações ocorrido no governo FHC, na verdade o Lula encontrou o país ajustado pronto para o crescimento, enquanto FHC recebeu o país com a inflação alta e moeda desvalorizada, quem criou o Real? Se não fosse a coragem de privatizar as teles como estaria hoje à telefonia fixa? Na minha humilde opinião votar no candidato que não é governo, não é retrocesso, é avançar. Pois vivemos em uma democracia e não uma ditadura. Querem me convencer que é normal casamento de pessoas do mesmo sexo, como também o aborto, é direito apenas da mulher e não também da criança a vida. Todo cidadão tem o direito e o dever baseado nos seus princípios escolher o futuro presidente.